*Escrito por Hildegard Krause, psicóloga do HRHDS.
Com certeza, todos já devem ter se dado conta que estamos vivendo algo muito diferente do que estávamos acostumados. Restrição de circulação, convívio, troca de abraços; entre outras tantas coisas.
E por que tudo isso? Estamos diante de um vírus que nos pegou de surpresa. Literalmente! Não havia estudos suficientes, medicações testadas, vacina, medidas de contenção da disseminação. Tudo novo e assustador. Muitos quiseram ajudar e atrapalhar, dando informações, opiniões, pressões. A população ficou confusa e acabou fazendo do seu próprio jeito. E mais problemas surgiram.
Então, agora estamos aqui buscando esclarecer o significado da palavra cuidado: “submetido à rigorosa análise, meditado, pensado, aprimorado, bem-feito”. Ou seja: se eu não quero pegar o vírus e nem transmitir o vírus eu preciso considerar todas as informações que foram recebidas e transformá-las em uma rotina de proteção a mim e ao outro. Máscara, distância, isolamento, boa alimentação, higiene. Tudo isso faz parte dos cuidados práticos para evitar o contágio.
Mas também precisamos cuidar de nossa saúde emocional e psicológica. Afinal, os cuidados práticos mudaram nossas rotinas e nossa visão do mundo.
Quem está doente sente medo, quem está na linha de frente nos cuidados aos pacientes sente medo, quem já perdeu alguém sentiu medo. Ou seja, estamos todos frágeis. E no meio disso tudo vemos situações em que o distanciamento e o isolamento fazem com que muitas pessoas fiquem literalmente sozinhas, privadas de afeto, de atenção. Outros expõem deliberadamente seus entes queridos acreditando que não serão afetados. Extremos que fogem totalmente do real sentido da palavra “cuidado”.
E aí está o ponto de virada na construção de uma sociedade solidária, evoluída: eu posso e devo cuidar de mim e das pessoas ao meu redor, mesmo que eu não as conheça. Isto é a expressão do meu compromisso como ser humano e cidadã. O outro merece meu cuidado e atenção, pois ele é meu espelho. Ou seja, se ele não cuidar de mim eu estou vulnerável. Se eu não cuidar dele, ele fica vulnerável. E neste momento estamos falando de um vírus letal. A vulnerabilidade do outro ou a minha pode significar a nossa morte.
Precisamos nos apoiar, ensinar, corrigir, ouvir, CUIDAR.
Só desta forma vamos superar este período tão perigoso para todos.