No mês de março é comemorado o mês mundial do rim. O órgão é vital para o funcionamento correto do corpo, já que uma de suas funções é equilibrar a química interna do indivíduo. Conforme senso realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia em 2019, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e de 28% a 46% em indivíduos acima dos 64 anos.
As doenças que podem prejudicar os órgãos são diversas, porém, de acordo com o médico nefrologista do HRHDS Carlos Alberto Rost, diabetes e hipertensão são responsáveis por quase 50% dos pacientes que estão em diálise. "Também temos as glomerulonefrites, doença renal policística e o lúpus", explica.
Vale destacar que nem sempre um paciente que apresenta insuficiência renal precisará realizar hemodiálisepara sempre, visto que há situações em que há um quadro agudo. "A insuficiência renal aguda é quando o rim para de funcionar por algum motivo que dura alguns dias ou poucas semanas, que é algo potencialmente reversível. Portanto, naquele momento em que o rim para de funcionar, nós damos suporte com a diálise, mas ele possui chance de recuperação", afirma. De acordo com o nefrologista,alguns dos motivos que levam a quadros agudos são a desidratação, uso de medicações nefrotóxicas e quadros obstrutivos do trato urinário. "A partir do momento que a causa é identificada e tratada, o rim volta a cumprir sua função normalmente".
A Covid-19 também pode acometer os rins e levar a um quadro de insuficiência renal. "Atualmente observamos o quadro da infecção dos pacientes com covid-19, pois eles tem um comprometimento de todo o organismo, um comprometimento sistêmico. Isso leva a um quadro séptico e, em decorrência disso, uma falência temporária dos rins. Muitos deles necessitam realizar tratamento dialítico por algum tempo", comenta o profissional.
Desenvolvi a doença renal crônica. Quais as opções de tratamento?
Hemodiálise: Um dos tratamento mais conhecidos, consiste em realizar a filtragem do sangue três vezes por semana. "Esse tratamento traz algumas limitações, como restrições alimentares e impossibilidade de viajar", comenta o nefrologista.
Diálise Peritoneal: A filtragem do sangue acontece através de líquidos que são inseridos na cavidade abdominal do paciente. Isso permite que o tratamento seja realizado em casa, já que o paciente recebe treinamento para realizar o procedimento. Assim como na hemodiálise, a diálise peritoneal necessita de um controle maior da alimentação, bem como da ingestão de líquidos, conforme Rost. "Em um primeiro momento, o rim não filtra o sangue, mas ele ainda consegue excretar a água através da urina. Com o passar do tempo, ele perde essa capacidade, portanto, toda água ingerida que agora não é excretada, sobrecarrega o sistema circulatório. Nossos vasos sanguíneos contemplam cerca de cinco litros de sangue, mas precisará suportar mais dois ou três litros de água, caso haja ingestão excessiva de líquidos. Consequentemente, esse paciente pode ter um aumento da pressão arterial, o líquido pode começar a extravasar e encher os pulmões, causando um quadro de edema agudo, são diversas complicações. Por isso, a ingestão de água precisa ser restrita em pacientes dialíticos", explica.
Transplante renal: Conforme o nefrologista Carlos Rost, o transplante não é uma cura, mas é uma alternativa de tratamento para pacientes com insuficiência renal. Depois de transplantado, o paciente continuará com os cuidados e deverá tomar corretamente todas as medicações prescritas, afim de evitar a rejeição do órgão.
"Temos pacientes que foram transplantados e permaneceram por 32 anos com o õrgão funcionando corretamente, porém, há pacientes com essa vida útil do órgão mais curta. Tudo depende do contexto de saúde que esse paciente apresenta", ressalta.
*Entrevista e publicação: Maila Klegien Barbi.